VIAGEM IMAGINÁRIA

Este Blog faz parte de um programa de Formação a Distância de Educadores. Todas as atividades postadas aqui fazem parte das produções coletivas e individuais dos cursistas deste grupo que percorreram um longo trajeto na construção deste. Acreditem não é fácil! Inserir as novas tecnologias na educação é o desafio que nós educadores temos pela frente. Sejam todos bem-vindos e apreciem o nosso trabalho.51.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Era uma vez...

Era uma vez...

Georgina da Costa Martins

     Você gosta de contos de fadas? Eu sou fascinada! E foi por adorar as histórias de João e Maria, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e tantas outras que resolvi estudá-las. Comecei pesquisando sobre os países e as épocas em que elas surgiram. Fiz incríveis descobertas! Mas o que me interessou mesmo foi a possibilidade de aprender um pouco sobre a história das crianças do mundo por meio desses contos. Se você quiser saber o que pesquisei e concluí, será meu convidado especial a partir de agora.
       Os contos de fadas não tinham autores. Inventadas pelo povo, essas histórias eram contadas de uma pessoa para outro  e para outra e para outra...E, de boca em boca, acabaram conhecidas em diversos países.Perrault, que adorava contar  histórias para as damas da corte, resolveu juntar todos os contos que conhecia  e  fazer um livro.O título que ele escolheu alguns de vocês já devem conhecer: Contos da Mamãe Ganso.Mais de um século se passou e , em 1812, na Alemanha ,dois  irmãos chamados Wilhelm e Jacob Grimm, que também gostavam muito de  ouvir e estudar  as tais histórias, publicaram  outro livro com  mais  contos  ainda, os Contos da infância e do lar. Pois muito bem, aqui estou eu empolgada em falar dos  contos de fadas, deixando de lado a minha pesquisa sobre a situação da criança.Mas é que tudo começou quando resolvi estudar um pouco a história da França do tempo de Charles Perrault. Veja só .


           NOS   TEMPOS  DO  REI  SOL

      Em 1697, o rei da França era  Luis XIV, o conhecido como o rei Sol porque seu palácio era todo ornamentado com ouro e brilhava como  o Sol (cá pra nós,muito parecido com o palácio da história  da Cinderela).Mas, apesar de o monarca ostentar todo esse luxo, seu povo passava fome e sofria muito por conta das doenças e das guerras da época.
      A maioria das famílias mal tinha pão para alimentar seus filhos-e pior: quando tinham o pão, este era feito com farelos, urtigas cozidas, sementes desenterradas e até carne de animais mortos pela peste negra- hoje chamada de peste bubônica-,  doença transmitida pela pulga do rato que , na época, também causou morte de milhares de pessoas.
       Em meio a tanto sofrimento, as crianças eram ainda mais sacrificadas, uma vez que os pais, por não terem condições de criá-las, muitas vezes as abandonavam  em estradas ou florestas, na esperança de que  conseguissem  um futuro melhor- o que -,na maior parte dos casos, não  acontecia.
    Também era comum que as crianças fossem deixadas em orfanatos.No entanto, por causa da superlotação desses lugares, muitas delas morriam por falta de cuidado, por causa da fome e de  diversas doenças . Mesmo sabendo de tudo isso, as famílias não tinham escolha.Para elas, presenciar a morte dos  filhos em casa deveria ser mais doloroso do que deixá-las nos orfanatos.


DOS CONTOS DE FADAS PARA A REALIDADE

      Diante desses fatos históricos, comecei a entender por que em quase todo conto de fadas aparece sempre o sofrimento infantil: criança que é expulsa de casa, que é obrigada a trabalhar, que é maltratada pela madrastra, que é aprisionada por bruxas e ogros, além de uma grande quantidade de meninas pobres que têm como última alternativa o casamento com príncipes.
      Veja o exemplo do Pequeno  Polegar: sete irmãos são expulsos de casa porque os pais não tinham como alimentá-los. Essas crianças vão parar na casa de um ogro faminto (uma espécie de bicho-papão), conseguem escapar    graças à esperteza do Pequeno  Polegar.
       Uma outra história que  também se refere ao abandono de crianças é a de João e Maria: dois irmãos são abandonados na floresta pelos pais, que não tinham como alimentá-los.O menino e a menina, depois de perigrinar pela mata, encontra uma casa feita  de doces.Imagine você o que significaria pra aquelas crianças encontrar uma casa dessa !
      Entendeu agora a relação entre os contos de fadas e a realidade? É caro que essas histórias não estão falando de pessoas de verdade, não estou dizendo que existiu  um João e uma Maria que foram abandonados pelos pais, nem mesmo em um garotinho do tamanho de um dedo polegar.O que  quero dizer é que, naquela época, era muito comum o abandono  de crianças, e,como o povo costumava inventar histórias  misturando fantasia com realidade, esses contos foram se proliferando.


      A  HISTÓRIA  QUE  NÃO  MUDOU

       A essa altura, você deve estar imaginando a mesma coisa que eu quando comecei a pesquisa: que mesmo depois de tanto tempo, mais de trezentos anos depois de Charles Perrault ter recolhido aquelas  histórias, situação das crianças em nosso país(e muitos outros) é ainda bem parecida com a de meninos e meninas daquele tempo.Por causa da miséria, pais continuam abandonando seus filhos  pelas  ruas, crianças se veem obrigadas a trocar a escola pelo trabalho, meninas pobres que esperam  encontrar seus príncipes encantados para salvá-las da fome acabam enganadas por adultos mal-intencionados...
     O lado triste da realidde é que nenhuma fada madrinha  vai aparecer para transformar meninas pobres em princesas, muito menos meninos famintos vão encontrar casas feitas de doces.Embora eu desejasse ter uma varinha de condão para fazer com que a história de todas as crianças abandonadas tivesse um final  feliz, estou certa de que essa realidade só mudará com o empenho de governantes e apoio da sociedade.
CIÊNCIA HOJE DAS CRIANÇAS, ano 13, n.99, jan./fev.2000.
   
      "O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que entrou em vigor no início da década de 1990, garante a todas as crianças e adolescentes o direito a condições dignas de existência. Porém, na prática, não é isso o que acontece: ainda existem muitas crianças vivendo nas ruas."

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